Pechincha: Globo paga por Libertadores metade do que por Paulista
A TV Globo fechou contrato de apenas R$ 47 milhões pelos direitos da Libertadores de 2015 a 2018, o que consta de acordos da emissora com a T & T (Torneos & Traffic Sports) obtidos pelo blog. A emissora diz que esse compromisso foi rescindido e o valor revisto em renegociação com a Fox na atual temporada após o escândalo de corrupção de dirigentes no continente. O novo montante não é revelado pela Globo, mas o reajuste da Fox para Conmebol foi de 30%. Assim, o total pago pela Libertadores previsto neste contrato é metade do oferecido pelo Paulista que ultrapassa R$ 100 milhões.
Em dezembro, a confederação sul-americana comunicou a rescisão dos contratos com a T & T sobre os direitos da Libertadores. Isso afetava a Globo que tinha direitos até 2022 sobre a competição por meio da empresa. Motivo: esses acordos da T & T tinham sido obtidos por meio de pagamento de propinas a dirigentes, segundo investigação do Departamento de Estado dos EUA.
A Globo não aceitou e entrou com processo na Justiça do Rio de Janeiro contra a Conmebol e a T & T: queria que seus contratos a preços baixos fossem mantidos. Depois disso, a emissora desistiu da ação e fez uma renegociação com a Fox para reajustar o contrato.
"Embora a Globo tivesse direito de questionar a rescisão feita pela Conmebol, porque havia um contrato assinado válido, dialogamos e chegamos a uma solução negociada com a Fox que permitia à Globo transmitir o bom futebol da Libertadores para milhões de torcedores brasileiros, apaixonados pelo futebol e por esta disputa. É fato que os valores e condições foram repactuados neste novo acordo, com aumento no valor dos pagamentos", afirmou a Globo.
Pelo acordo original, assinado em outubro de 2008, a Globo fechou com a T & T para pagar apenas US$ 10,850 milhões por ano da transmissão em TV Aberta da Libertadores de 2015 a 2018. Depois, em 2010, assinou um novo contrato com aumento de US$ 2 milhões por ano em troca da produção do vídeo do campeão da Libertadores e por conta de crescimento de custos logísticos. Total: US$ 12,850 milhões (ou R$ 47 milhões).
Os grandes clubes do continente, incluindo os brasileiros, formaram uma Liga Sul-Americana para questionar a Conmebol pelos contratos da Libertadores, e consequentemente as cotas que recebem. Os cartolas dos clubes alegam não ter acesso a acordos de televisão como o este obtido pelo blog.
O questionamento dos clubes é justamente o valor inferior pago pela Libertadores. A Globo, no entanto, rechaça comparações com competições como o Paulista. "Antes de mais nada, é impossível comparar contratos que têm bases diferentes, players diferentes, momentos diferentes e características de exibições diferentes. E mais, que envolvem fatores como datas disponíveis para transmissão e número de jogos", argumenta a emissora.
Além dos valores baixos, os contratos da Libertadores davam condições bem favoráveis à Globo. Pelo acordo, a emissora podia transmitir dois jogos por rodada da Libertadores em TV Aberta até as quartas-de-final, e todos os compromissos de semifinais e finais. No total, pelo menos 24 partidas. Havia uma preferência da escolha de jogos em relação à TV Fechada, além de direitos sobre streaming e internet.
Tudo isso negociado com uma empresa (T & T) cujos sócios confessaram ter pago propina para obter os direitos sobre a Libertadores inclusive para ex-presidentes da CBF. Na denúncia feita pelo Departamento de Justiça, está descrito: "Em vários tempos, os acusados Marco Polo Del Nero, José Maria Marin, José Luis Meiszner (ex-secretário da Conmebol) e Ricardo Teixeira também solicitaram e receberam propinas e subornos de Alejandro Buraco (dirigente da T & T) e do conspirador 12 em troca de seu apoio a T & T como detentora dos direitos da Libertadores, entre outros torneios."
Foi com essa T & T que a Globo obteve a renovação do contrato de direitos da Libertadores em 2012. Naquele ano, a emissora assinou um novo contrato com a empresa e ficou com o campeonato de 2019 até 2022 por US$ 25 milhões ao ano. Na renegociação com a Fox, esse acordo foi rescindido e deixou de ser válido, segundo a Globo.
"Sua rescisão (desse contrato) fez parte do acordo que mencionamos na pergunta anterior, foi repactuado segundo o novo modelo de negociação entre Conmebol, Fox e Globo. As bases são outras, as cláusulas são outras. E tudo está sendo cumprido", afirmou a assessoria da Globo.
A T & T, que assinava os contratos com a Globo, tem sede na Holanda. Mas não é a única subsidiária da empresa. Em outro contrato, há uma T & T com sede nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal. Os pagamentos da Globo para a empresa eram feitos no exterior em contas indicadas pela empresa, segundo o acordo.
Segundo o Wall Street Journal, a T & T tem entre seus acionistas a própria Fox Pan American Sports LCC, com 50% das ações. Mas a Fox sempre alegou não ter participação na direção dos negócios da empresa. Esse capital foi obtido da Traffic, empresa da José Hawilla. A Torneos, empresa argentina também envolvida nos escândalos de corrupção no futebol, detém outra fatia da T & T.
A Globo alega que apenas seguia o modelo de negociação proposto pela Conmebol por meio de intermediários, e garante desconhecer denúncias contra a T & T.
"Antes do indiciamento (em maio de 2015), as denúncias contra essa empresa (T & T) não eram públicas. A Globo estava negociando com quem tinha o poder de negociar em nome da Conmebol. Depois do indiciamento, a Globo suspendeu pagamentos e notificou a empresa, e também a Conmebol, com a intenção de obter explicações. Depois de maio de 2015, quando as denúncias se tornaram públicas, a Globo não firmou qualquer contrato com as empresas indiciadas", afirmou a emissora.
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