Após posição da Globo, CBF cria grupo para discutir Estaduais para 2020
A CBF criou um grupo de trabalho formado por presidentes de federações para discutir o futuro dos Estaduais, especialmente para o calendário de 2020. Não há intenção de acabar com as competições: a ideia é achar soluções para reformar e salva-las. A comissão foi montada nesta semana após uma posição da Globo que pede uma revisão no calendário e que se repense os regionais.
Primeiro, ressalte-se que o fim dos Estaduais em 2020 – possibilidade levantada pelo presidente do Conselho do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia – é não só improvável como praticamente impossível no atual cenário. Há barreiras contratuais e políticas que impedem isso.
O Estadual do Rio tem contrato até 2024 com previsão de multa por rescisão, embora o Flamengo só tenha assinado até o próximo ano. O Estadual de São Paulo tem contrato até 2021. Outros, como o Pernambucano, têm acordo até 2022.
Mas a Globo deu, sim, sinais de desinteresse crescente e de querer mudanças. Por exemplo, a Federação do Rio Grande do Sul assinou contrato até 2021, mas, a partir do próximo ano, esse acordo pode ser rompido ou reduzido sem o pagamento de multa. "Garantido mesmo está até 2019. A preocupação é grande", afirmou o presidente da Federação do Rio Grande do Sul, Francisco Noveletto, que fala em transformar seu campeonato em uma "Champions League".
Outros Estaduais foram abandonados pela emissora ou têm propostas de valores inferiores, como ocorre com o Paranaense. No Nordeste, por exemplo, a Copa do Nordeste tem mais força que as competições dos estados – com exceção, talvez, de Pernambuco.
Internamente, houve conversas entre Globo e CBF sobre o assunto. Há resistência na diretoria da confederação para uma mudança drástica de redução de Estaduais. Dentro da confederação, há o argumento de que as competições dão emprego para jogadores e revelam atletas.
A verdade é que são o motivo das sobrevivência das federações que elegem o presidente da CBF. Mas alguns dirigentes na entidade defendem alguma redução das competições.
Além de abrir datas e reformar o calendário para 2020, a realidade econômica se impõe no debate. A Globo tem menos dinheiro para investir em competições, já que teve de gastar mais com Brasileiro e Libertadores. Aliado a isso, a concorrência da Turner será fraca ou inexistente nas renovações dos Estaduais, que tiveram preços inflados pela possibilidade da Globo perde-la.
Neste cenário, as 18 datas dos campeonatos regionais passam a ocupar considerável espaço no calendário, espremendo as competições mais importantes. Com o seu grupo de trabalho, a CBF quer tornar as competições mais atrativas.
Uma das soluções pensadas por membros do grupo é uma fórmula única para todos os Estaduais, o que daria um padrão a todas as competições. Anteriormente, houve a ideia de alongar as competições durante o ano, o que sofre resistência dos presidentes de federações.
O grupo vai ter que equilibrar a vontade da CBF, que quer manter satisfeitos seus aliados, e dar alguma resposta ao mercado, que cobra mudanças em favor de um calendário mais enxuto com jogos relevantes.
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