Como Cruzeiro evita perder pontos mesmo após Fifa dar pena por calote
O Cruzeiro foi punido em duas instâncias em cortes da Fifa por um dívida com o clube ucraniano Zorya Luhansk: a pena é a perda de seis pontos. Mas o clube brasileiro retardou a aplicação da pena pela CBF com um recurso alegando que não sabe para quem tem que pagar a débito pois há disputa entre times. E, agora, há a expectativa de meses para um julgamento e depois prazo para o time mineiro pagar, o que o livraria da punição.
Willian foi contratado em definitivo pelo Cruzeiro em 2014, há cinco anos, em transação feita com o Zorya. O time da Toca da Raposa deixou de pagar 1,5 milhão de euros (R$ 6,3 milhões) das parcelas. Em 2017, o clube ucraniano entrou com ação contra o time mineiro cobrando este valor.
O processo corre pelas regras disciplinares mais antigas da Fifa, isto é, é mais lento do que ações atuais. Há prazos longos para sair uma decisão, quando há uma sentença demora para ser comunicada a todas as partes, e um recurso interrompe a execução. Foi assim que demorou cinco anos para o Comitê Disciplinar da Fifa determinar, em 22 de março, a decisão definitiva de perda de pontos pelo Cruzeiro a não ser que pagasse o valor em 60 dias.
A partir daí, o clube tem direito a pedir o inteiro teor da decisão e depois a recorrer ao CAS (Tribunal Arbitral do Esporte). A partir do recurso do clube, a pena imposta pelo comitê da Fifa fica suspensa. "A CBF não puniu o Cruzeiro porque, dentro do prazo estipulado para pagamento da dívida, o clube recorreu e a FIFA suspendeu o processo até a decisão final da Corte Arbitral do Esporte (CAS)", explicou a própria confederação.
E o que o Cruzeiro alegou em seu recurso ao CAS contra a Fifa? O clube mineiro diz que não sabe para qual clube tem que quitar o dinheiro da transferência de Willian – ou seja, reconhece a dívida. Isso porque o jogador era do Metalist, time da Ucrânia, enquanto atuava emprestado ao Cruzeiro. O clube faliu e o staff de Willian informou que agora ele tinha contrato com o Zorya.
Bem, o Cruzeiro então negociou com o Zorya o pagamento da multa para contratar Willian. Não pagou e veio o processo. Só que o clube mineiro alegou ao CAS que, no meio do processo, a massa falida do Metalist disse ser a real dona dos direitos sobre o jogador. Depois, o clube ucraniano sumiu e reapareceu agora para cobrar. Por isso, internamente, o time celeste defende que não está simplesmente atrasando pagamentos.
Do lado do Zorya, há a certeza de que a atitude do Cruzeiro é meramente uma forma de protelar o pagamento já que o contrato com o clube é claro. Nesta versão, o CAS inclusive já teria derrubado os argumentos do clube mineiro de que não dá para saber a quem pagar. A expectativa do clube ucraniano é de que o julgamento ocorra em alguns meses ( o máximo são 10 meses) e seja uma vitória fácil por conta dos contratos.
Se a decisão do CAS confirmar a punição da Fifa ao Cruzeiro, será dado novo prazo para o Cruzeiro pagar. O clube mineiro espera ter mais 90 dias o que poderia protelar a dívida para 2020. Já o Zaroya tem a expectativa de um prazo mais curto de um mês para o pagamento porque vai alegar à Fifa que há manobra para atrasar pagamentos.
Não é a primeira vez que o Cruzeiro estende limites para quitar dívidas com ameaça de punição. Neste ano, pagou por Latorre, contratado juntamente com Arrascaeta, também por temer sanção. O mesmo ocorreu com o Atlético-MG com Diego Tardelli, cujo débito não gerou punição da Fifa por dias. Como mostram os balanços de 2018, os dois clubes tinham dívidas de R$ 182 milhões com outros clubes ao final do ano passado.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.