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Rodrigo Mattos

Por que Palmeiras e Flamengo ganharam menos com Copa do Brasil do que a CBF

rodrigomattos

19/07/2019 04h00

Eliminados da Copa do Brasil, grandes clubes brasileiros como Corinthians, Flamengo, Palmeiras, São Paulo e Vasco ganharam bem menos com a competição do que a CBF que é a gestora da torneio. Isso ocorre por dois motivos: a entidade retém parte do contrato com a Globo e as cotas foram determinadas com prioridade para o título.

O total do acordo de direitos de televisão da Copa do Brasil para 2019 é de R$ 337 milhões, após reajuste da inflação do primeiro ano. Desse total, serão distribuídos em torno de R$ 291 milhões para os clubes pelos cálculos do blog com as cotas.

Assim, há uma sobra em torno de R$ 46 milhões para a CBF do contrato da Globo. Esse valor serve também para custear transportes e hotéis das equipes. A confederação que faz essa operação e se recusa a revelar o total dos gastos com logística, nem seu percentual no contrato. Seu investimento na Copa do Brasil declarado no balanço é de R$ 675 mil.

É certo que esses custos de logística não somam o total de R$ 46 milhões. Serão 120 jogos na Copa do Brasil e, para gastar tudo, teriam de ser usados R$ 503 mil por partida com passagens de delegações e árbitros, um valor irreal. Em comparação, o Brasileiro da Série C inteira, que tem 180 jogos só na primeira fase, teve custo de logística de R$ 28,7 milhões em 2018.

Assim, a CBF deve abocanhar um valor acima de R$ 20 milhões com o contrato de TV da Copa do Brasil. Há ainda contratos de placas publicitárias e direitos internacionais que foram negociados com a empresa Klefer, envolvida nas investigações do caso Fifa na Justiça dos EUA. O valor não é revelado e nem é repassado aos clubes. Só um contrato da Klefer a anunciantes gerava R$ 6 milhões.

Feitas as contas, só o clube campeão deve garantir uma cota de TV/premiação maior do que a fatia da CBF. Esse time ficará com o prêmio de R$ 52 milhões, elevando sua cota total para R$ 64,350 milhões. O vice-campeão vai faturar cerca de R$ 33 milhões. Outros dois semifinais ganharão algo em torno de R$ 12 milhões.

Enquanto isso, o Corinthians, por exemplo, ganhou R$ 8,1 milhões com a Copa do Brasil ao ser eliminado nas oitavas de final. Com oito jogos disputados na competição, o time alvinegro levou cerca de R$ 1 milhão por jogo, o que é um valor inferior ao Campeonato Paulista e bem menor do que o do Brasileiro.

Flamengo e Palmeiras, que jogaram quatro vezes, vão ter cotas de R$ 5,650 milhões, mesmo valor do Vasco. No caso dos times alviverde e rubro-negro, serão apenas R$ 1,4 milhão por jogo, valor inferior à primeira fase da Libertadores e do Brasileiro. Para se ter ideia, o Flamengo deve arrecadar R$ 5 milhões por partida do Nacional em seu contrato de TV.

Eliminado logo de cara, o São Paulo ganhou apenas R$ 2,5 milhões na Copa do Brasil, R$ 1,250 milhão por partida. De novo, bem inferior ao que deve arrecadar por partida no Brasileiro.

Com a divisão de dinheiro atual, a Copa do Brasil gera ganhos significativos para o campeão, o vice e a CBF. Outros times podem gerar audiências significativas para a Globo, mas têm pouco retorno para seus cofres por isso.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.