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Decisões da Conmebol sobre final são guiadas por acordos de tv e patrocínio

rodrigomattos

28/11/2018 04h00

Quando houve agressões a jogadores do Boca Juniors a poucas horas da final da Libertadores, a diretoria da Conmebol sabia que a imagem de sua competição poderia ser manchada pelo episódio. Desde aquele momento, a entidade tem tomado decisões para lidar com a crise levando em conta de forma prioritária seus acordos comerciais com televisões e patrocinadores.

Por exemplo, com a decisão de tirar o segundo jogo de Buenos Aires, a Conmebol passou a analisar opções de cidades para realizar a partida. Entre as duas alternativas fortes, estão Doha, no Qatar, e Assunção, no Paraguai – Miami foi cogitada e depois descartada. Doha é favorita. Pois bem, o Qatar se explica pelo patrocínio fechado entre a Conmebol e a Qatar Airways.

A empresa do Oriente Médio fechou seu acordo comercial para apoiar as competições de clubes sul-americanas em outubro. Isso resultou de uma negociação política entre dirigentes da Conmebol e cartolas ligados à organização da Copa do Mundo, no âmbito da Fifa. Os dirigentes sul-americanos têm apoiado os qatarianos desde sua candidatura a ser sede da Fifa, sendo responsáveis por votos decisivos para sua eleição. Com a nova gestão de Alejandro Dominguez, isso não se modificou e a relação até se estreitou.

Em outra ponta, há as televisões. Primeiro, a Conmebol insistiu na realização do jogo no próprio sábado, adiando-o por algumas horas apesar da recusa do Boca de entrar em campo. Uma das suas preocupações era não afetar as emissoras que têm os direitos de transmissão. Por isso, desde então, a entidade tem rechaçado qualquer alternativa que não seja a realização de novo jogo em campo.

A Fox Sports, por sinal, tem sua sede nos EUA, com uma importante base em Miami. Por isso, a cidade era uma das cotadas para a realização da final da Libertadores. Assunção aparecia como opção para se nenhuma das ofertas comerciais desse resultado.

A atual gestão da Conmebol tem dado prioridade aos aspectos comerciais em suas decisões sobre a Libertadores desde que assumiu. Aumentou a participação de times brasileiros (maior mercado e que gera mais dinheiro), alongou a competição pelo ano inteiro para estender sua visibilidade e criou a final única para 2019 quando poderá comercializar um grande evento.

Deu certo sob o ponto de vista de aumento de receitas da competição. O grupo FC Media Diez, formado pela Perform e a IMG, adquiriu os direitos da Libertadores por US$ 350 milhões por ano em contrato válido de 2019 a 2022. É quase o triplo do valor anterior, mas só vai se manter e aumentar se as empresas conseguirem vender propriedades da competição, recuperando o investimento. Assim, a gestão da Conmebol tenta resolver a crise da final da Libertadores prestando bastante atenção em seus parceiros.

 

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Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.


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