Após violência, regra da Libertadores-2019 veta maioria das bandeiras
rodrigomattos
08/01/2019 04h00
O novo regulamento de segurança da Conmebol veta praticamente todos os tipos de bandeiras em jogos na Libertadores. O documento foi elaborado no final do ano passado e teve influência do episódio de violência na final da competição entre River Plate e Boca Juniors. Assim, estabelece restrições ainda maiores nos estádios em relação às medidas tomadas para 2018.
O diretor de competições da Libertadores, Frederico Nantes, explicou em entrevista ao blog em dezembro que a intenção é criar uma operação padrão de seguranças para partidas da competição. Admitiu que o novo conjunto de regras, que antes estava no regulamento geral, representa um endurecimento por parte da entidade em reação à violência.
Isso já pode ser percebido na lista de objetos proibidos dentro dos estádios. Até 2018, eram 18 itens proibidos. Agora, para 2019, são 21 itens e há ainda mais subitens com detalhamento de outras limitações. E houve amplo veto a bandeiras.
Para se ter uma ideia, na última Libertadores, havia proibição de faixas e bandeiras que tapem a publicidade ou impeçam a identificação. A partir de agora, estão vetadas: "bandeiras gigantes" (os chamados bandeirões), bandeiras que ultrapassem 1,5 metro de comprimento por 1 metro de largura e mastros de bandeiras. Haverá equipes dos estádios para medir os artefatos que poderão entrar.
Também passam a ser proibidas as bandeiras ou faixas presas a cercas e divisórias das arquibancadas, algo bem tradicional no Brasil e principalmente na Argentina. Os estádios argentinos são inundados pelos trapos pendurados em todos os lugares. Bombas de estouro ou fumaça, comuns no Brasil, também são vetadas. É certo, portanto, que vai afetar o espetáculo de torcidas na competição.
O regulamento se torna ainda mais restrito quanto ao acesso ao estádio a partir de 2021. A partir daí, todos os clubes e estádios terão de ter sistemas de vendas online que exijam a identificação do comprador com dados completos. A Conmebol afirma que os clubes terão que impedir o acesso daqueles impedidos de entrar nas arenas – no Brasil, há uma lista de torcedores vetados por medidas judiciais.
Há ainda um item que pode ter um impacto mais significativo: exige-se que todos os ingressos sejam numerados com assentos. Teoricamente, isso acabaria com os setores em pé de torcedores como ocorre na Arena Corinthians. Mas o texto não deixa claro que será proibido esse tipo de setor. O blog tentou esclarecimento com a Conmebol sobre o assunto, mas não obteve resposta.
Outra característica do regulamento é aumentar as responsabilidades do clube mandante com segurança que já estavam explícitas nas regras anteriores. Agora, o oficial de segurança do time precisará tratar com policiais da proteção da delegação visitante até fora do estádio. Além disso, foi implantado um sistema de grupo de crise para casos de incidentes como a final.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.