VAR nas finais de Estaduais tem mais acertos, mas erra ao interpretar lance
rodrigomattos
22/04/2019 04h00
Os Estaduais tiveram pela primeira vez o árbitro de vídeo em suas decisões. Considerados os quatro principais regionais, houve interferências que corrigiram erros. Mas, ao mesmo tempo, o VAR foi mal utilizado por entrar em lances interpretativos em que deveria prevalecer a decisão do juiz em campo, além do excesso de tempo para tomar decisões.
Nas finais do Mineiro, houve duas interferências do árbitro de vídeo. No primeiro jogo, um gol de Fred foi corretamente anulado porque ele tocara a mão na bola, isto é, o mecanismo impediu um gol ilegal do Cruzeiro.
No segundo jogo, foi marcado um pênalti em mão de Leonardo Silva, do Atlético-MG, que dá carrinho com o braço aberto após tomar drible de Pedro Rocha. De novo, neste caso, é uma interferência correta porque objetiva: há orientação da Fifa de dar pênalti em lance em que o defensor tem o braço aberto e toca na bola.
O VAR não foi tão feliz no Rio de Janeiro. No primeiro jogo, o árbitro Rodrigo Nunes de Sá anulou um gol do atacante rubro-negro Bruno Henrique por impedimento ao considerar que o zagueiro Werley salvara o gol. Na realidade, era um novo toque do zagueiro vascaíno e portanto, não havia ilegalidade.
Na segunda partida, o árbitro de vídeo anulou corretamente um gol do rubro-negro Gabigol que estava impedido. Mas não houve interferência quando ele recebeu bola na direta também adiantado. No lance seguinte, saiu uma falta e o gol do Flamengo. O erro maior, neste caso, foi do bandeira, embora o VAR pudesse ter corrigido.
No Gaúchão, a principal interferência foi a marcação do pênalti no gremista Cortez em puxão de calção do colorado Parede. Na minha visão, não foi penalidade. De qualquer maneira, é um lance de interpretação já que há opiniões divergentes sobre o lance. Portanto, não deveria ser usado o VAR como instrui a CBF segundo protocolo da Fifa. Ainda mais porque o árbitro Jean Pierre congelou a imagem para analisar o puxão.
No Paulista, o VAR não interferiu diretamente em nenhum gol de São Paulo e Corinthians, apenas tendo sido utilizado em dois lances de dúvida por supostos pênaltis. Em ambos, não foi marcada a penalidade com correção.
Em todos os Estaduais, um problema foi o excesso de tempo usado pelos árbitros para tomar decisões. Em alguns casos, eram lances simples de impedimentos em que bastava um operador e um árbitro de vídeo mais rápidos para verificar a irregularidade ou não. Em outros, os árbitros assistiam algumas vezes aos lances porque estavam interpretando o lance no vídeo, em vez de usa-lo para jogadas objetivas.
É esse tipo de ajuste que tem de ser feito para o Brasileiro ou o VAR poderá se tornar uma muleta para árbitros. O saldo, no entanto, é positivo se pensarmos que a tendência é de melhoria no seu uso com o tempo e que já foram corrigidos erros objetivos que poderiam ter passado em branco.
Sobre o Autor
Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.
Sobre o Blog
O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.