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Rodrigo Mattos

Dinheiro da TV para competições no Brasil cresce R$ 1,4 bi em dois anos

rodrigomattos

15/01/2019 04h00

A atual temporada é marcada por um aumento nos dinheiro a ser recebido pelos clubes brasileiros em direitos de tv com novos contratos do Brasileiro, Libertadores e Sul-Americana. No ano passado, foi a vez da Copa do Brasil. Somados todos os reajustes, houve um crescimento de cerca de R$ 1,4 bilhão nos valores pagos pelas competições disputadas pelos clubes brasileiros nos últimos dois anos. Isso ajuda a explicar o aumento do investimento das agremiações em contratações nesta janela de transferências.

Ressalte-se que nem todo esse dinheiro vai para os times nacionais. No caso da Libertadores e Sul-Americana, a Conmebol distribui 60% do total do dinheiro para clubes, e isso inclui o Brasil e outros países. Na Copa do Brasil, a CBF retém 20% de comissão do contrato.

Mesmo com essas comissões, haverá um impacto significativo nos cofres dos clubes brasileiros, principalmente nos maiores que disputam todas essas competições e obtêm posições mais relevantes. Pelo levantamento do blog, os principais campeonatos para times nacionais tinham direitos que valiam R$ 2,2 bilhões até 2017. A partir desse ano, essas mesmas competições valerão R$ 3,6 bilhões.

A questão é que isso representará uma maior concentração de dinheiro nos times que estão no topo esportivo, isto é, aqueles que disputam a Libertadores, chegam às fases finais da Copa do Brasil e vão bem no Brasileiro. Quem já estivera na elite tende a aumentar o buraco para os que estão embaixo.

"Se você olhar o mercado de contratações, você já vê essa movimentação que concentra em clubes como Flamengo, São Paulo, Palmeiras e um pouco do Corinthians. Já consideram essa receita", analisou o consultor César Grafietti, que diz que times médios não vão sentir tanto os efeitos. "Como as compras são parceladas, consideram essas novas entradas, e resultados como avançar na Libertadores e na Copa do Brasil".

Para detalhar todos os números, o Brasileiro em todas as suas plataformas gerava um valor próximo de R$ 1,5 bilhão para os clubes até 2018, incluindo o pay-per-view. Após a concorrência gerada pela Turner, realizada em 2015 e 2016, esse montante salta para em torno de R$ 2 bilhões nesta temporada  consideradas as luvas – óbvio, há variações dependendo da arrecadação de pay-per-view. Posição no Nacional contará bastante no total arrecadado por cada time.

Na Libertadores e Sul-Americana, o contrato praticamente dobrou de valor em 2019 em relação à última temporada por conta da licitação vencida pela IMG/Perform. Assim, o montante ultrapassou R$ 1,3 bilhão na cotação atual do dólar. Nem tudo vai para os clubes, mas houve um reajuste considerável nas cotas. No total, a premiação para os clubes ultrapassou R$ 600 milhões. Na primeira fase, um time fatura mais de R$ 10 milhões.

"A Libertadores estava com valor defasado. Mas ainda não atingiu o teto. Para aumentar, agora tem que chegar a outros continentes. Tem que se conscientizar que a Libertadores é a segunda competição de clubes do mundo", disse o consultor da Ersnet & Young Pedro Daniel. "No Brasil, é mais difícil, mas a mentalidade é parecida. O limitador é o tamanho do mercado."

Na Copa do Brasil, o valor do contrato entre Globo e CBF era de cerca de R$ 100 milhões até 2017. No ano passado, esse montante saltou para R$ 325 milhões. Há uma concentração da premiação nos times que chegam às fases finais, com o campeão ficando com R$ 68 milhões de prêmio.

As entidades Conmebol e CBF ainda abocanham um percentual desse total já que são as responsáveis por negociar os contratos. Esse é o modelo também na Europa. A diferença é que a Uefa fica com uma fatia menor da Liga dos Campeões do que a confederação sul-americana.

Sobre o Autor

Nascido no Rio de Janeiro, em 1977, Rodrigo Mattos estudou jornalismo na UFRJ e Iniciou a carreira na sucursal carioca de “O Estado de S. Paulo” em 1999, já como repórter de Esporte. De lá, foi em 2001 para o diário Lance!, onde atuou como repórter e editor da coluna De Prima. Mudou-se para São Paulo para trabalhar na Folha de S. Paulo, de 2005 a 2012, ano em que se transferiu para o UOL. Juntamente com equipe da Folha, ganhou o Grande Prêmio Esso de Jornalismo 2012 e o Prêmio Embratel de Reportagem Esportiva 2012. Cobriu quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas.

Sobre o Blog

O objetivo desse blog é buscar informações exclusivas sobre clubes de futebol, Copa do Mundo e Olimpíada. Assim, pretende-se traçar um painel para além da história oficial de como é dirigido o esporte no Brasil e no mundo. Também se procurará trazer a esse espaço um olhar peculiar sobre personagens esportivas nacionais.